sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aprendendo a Dirigir

Bom pessoal, vou postar um texto aqui, interessantíssimo, sobre a minha experiência na auto escola.
Hahahaha.... Mas pra tudo na vida tem uma quase primeira vez, ou pra tudo na vida vale a pena...
Apenas faça da sua dificuldade uma meta a se cumprir, olhe sempre com bom humor, e assista como uma peça de um circo... porque depois que passa a gente sempre ri. Com uma risada gostosa e gratificante de que tudo valeu a pena!
Então...
O máximo que eu sabia era girar a chave e ligar o carro. As aulas teóricas no curso de formação de condutores, vulgo auto-escola, foram uma festa. Como gosto de estudar, prestei atenção em cada uma delas e fiz um montão de exercícios. Passei no exame teórico não via a hora de pegar um carro e aprender a dirigir. Mas nada é assim tão fácil.
Estava nervosa e apavorada, confesso. Veja bem, eu tenho noção das coisas. Estava na direção de uma máquina pesadíssima, que pode colidir com qualquer coisa e matar, ferir, arrancar pedaço de quem atravessar seu caminho [ou estiver dentro dela].  
Como é mesmo? Liga o pisca, se tiver que parar, pisa devagar no freio, depois na embreagem até o fim. Coloca em primeira, solta a embreagem pouquinho, pisa no acelerador, solta a embreagem até o meio e vai. Só não pode esquecer de girar o volante e desligar o pisca. Solta o resto da embreagem e vai até os 20 Km/h para então pisar na embreagem até o fim e colocar na segunda marcha. Aí solta a embreagem e não se esqueça de colocar o pé esquerdo apoiado ao lado, jamais em cima da embreagem, ou perde ponto. Quando não precisar parar, dá para fazer uma conversão sem usar freio nem embreagem, em segunda marcha. Ele não passou comigo a terceira, a quarta, etc, etc...deve ter me achado burrinha demais para passar todas essas marchas de uma só vez. Muito provavelmente o Tico e o Teco colidiriam frontalmente. Sem contar que entrava à esquerda quando ele dizia direita e dava o pisca para a direita quando queria ir para a esquerda.
Justamente quando decorei o esqueminha dos pedais [embora minha coordenação motora não colabore muito] começamos aula de baliza. Não sei por que raios sempre achei que baliza era ficar desviando de cones. Não é. Baliza é entrar e sair de uma garagem feita de canos verticais, basicamente. E você não pode um monte de coisa. Várias coisas reprovam e a possibilidade de passar me parece praticamente nula, mesmo assim resolvi ir em frente e descobrir se eu realmente conseguia fazer aquele troço estranho.
Primeiro, você liga o carro e dá sinal para a esquerda. Aí gira todo o volante para a esquerda e logo já dá sinal para a direita. Ok, parece fácil. O problema é que para girar o volante totalmente para a esquerda é necessário aplicar uma força descomunal. Me senti como uma escrava magrela, fracote e faminta, remando em plena tempestade, na galé. Carregando praticamente sozinha um navio de trocentas toneladas. Mais ou menos isso. Depois, quando você acha que acabou, tem que girar todo o volante para a direita. Rema, rema, rema, rema...
Olha no retrovisor, cuidado para não bater na baliza. Olha para trás. Quando a segunda baliza estiver perto da terceira risca do vidro, pára. Sinceramente, não me lembro do resto. Tenho problemas gravíssimos com esquemas não-escritos. Para eu decorar e entender, tem que ser tudo por escrito. Meu maior problema neste curso é me sentir um cérebro imenso e confuso, que não sabia que tinha braços e pernas. Todas as minhas dificuldades se concentram na tal da coordenação motora. Aprendi a escrever com as duas mãos e usar os dois lados do cérebro, mas não ao mesmo tempo. (Tal exame Psicotecnico)
Pessoas incrivelmente idiotas aprendem a dirigir, não é necessário inteligência. Pessoas extremamente inteligentes também aprendem a dirigir, não é necessário ignorância. Pessoas com deficiências físicas aprendem a dirigir, não é necessário ter dois braços e duas pernas funcionando perfeitamente. O problema é que sempre que somos confrontados com situações jamais vividas anteriormente, o interruptor "medo" é acionado instantaneamente. É ele quem nos paralisa, para evitar o desconhecido, ele descordena absolutamente tudo o que for necessário para que lidemos com a tal situação nova. E lutar contra ele, no escuro, para apertar novamente o botão que nos coloca no controle de nossas emoções e movimentos, é a parte mais complicada.
A grande vantagem dos desafios, seja aprender a cozinhar, dirigir, mexer no computador, falar outras línguas, até arranjar um novo emprego, iniciar um novo relacionamento, morar em uma nova cidade, morar sozinho, casar, ter um filho, trocar a primeira lâmpada ou mesmo a primeira fralda, é que quando, finalmente, você consegue acertar [mesmo que depois de uma série de erros], descobre que é capaz e renova a auto-estima. O chato é todo aquele processo cansativo necessário para chegar ao ápice, que é descobrir que aquele monstruoso leão de sete cabeças, na verdade, era um inocente e inofensivo gatinho. De uma cabeça só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário